SUBSÍDIOS PARA UM NOVO CAMINHO DE FERRO
NA REGIÃO DO ALENTEJO (1B)
4. A evolução das deslocações regulares no Alentejo,
de 1981 à actualidade
Como indicador
mais óbvio da evolução das deslocações inter-concelhias, desde 1981 até à
actualidade (2007), utilizaremos as migrações pendulares diárias (ambos os
sentidos), registadas nos eixos correspondentes aos troços ferroviários sob
análise.
4.1. Evolução
das migrações pendulares Évora-Reguengos de Monsaraz
Eixo
Évora-Reguengos: Deslocações diárias – Todos os modos
|
1981
|
1991
|
2007
|
Évora-Reguengos
|
187
|
333
|
581
|
Fonte: INE –
Censos da População
As deslocações
diárias entre Évora e Reguengos de Monsaraz apresentam-se em 2007, o triplo
daquilo que eram quase três décadas antes, apesar do efectivo populacional no
mesmo eixo (ponto 3.1), ter crescido apenas 4,8%, ao longo do mesmo período
temporal.
4.2. Evolução
das migrações pendulares Évora-Estremoz
Eixo
Évora-Estremoz: Deslocações diárias – Todos os modos
|
1981
|
1991
|
2007
|
Évora-Estremoz
|
83
|
171
|
392
|
Fonte: INE –
Censos da População
Num período de
mais de um quarto de século, a meio do qual o modo de transporte ferroviário
desapareceu do eixo em análise, as viagens diárias entre Évora e Estremoz quase
quintuplicaram, ao mesmo tempo que o efectivo demográfico agregado do eixo
permaneceu estagnado.
4.3. Evolução das
migrações pendulares Estremoz-Borba-Vila Viçosa
Eixo
Estremoz-Borba-Vila Viçosa: Deslocações diárias – Todos os modos
|
1981
|
1991
|
2007
|
Estremoz-V.Viçosa
|
138
|
231
|
257
|
Estremoz-Borba
|
415
|
478
|
518
|
Borba-Vila
Viçosa
|
462
|
740
|
851
|
AGREGADO
|
1015
|
1449
|
1626
|
Fonte: INE –
Censos da População
Num eixo urbano
que - para já – parece ter prescindido da via férrea que o servia (com a sua
conversão em ciclopista), o agregado de migrações pendulares diárias
apresentou-se 60% mais elevado em 2007 do que em 1981 (época de plena
exploração ferroviária), contrastando com uma diminuição aproximada de 12% da
população residente no mesmo período.
4.4. Evolução
das migrações pendulares Beja-Serpa-Moura
Eixo
Beja-Serpa-Moura: Deslocações diárias – Todos os modos
|
1981
|
1991
|
2007
|
Beja-Moura
|
50
|
77
|
225
|
Beja-Serpa
|
170
|
284
|
579
|
Serpa-Moura
|
208
|
193
|
313
|
AGREGADO
|
428
|
554
|
1117
|
Fonte: INE –
Censos da População
No eixo urbano
do Alentejo que mais população perdeu no período quase equivalente
(praticamente -16%), as migrações pendulares diárias são hoje, em magnitude, o
dobro de aquelas que existiam em 1991, aproximadamente a época de suspensão dos
serviços ferroviários de passageiros (1990).
4.5. Evolução
das migrações pendulares Estremoz-Sousel-Portalegre
Eixo
Estremoz-Sousel-Portalegre: Deslocações diárias – Todos os modos
|
1981
|
1991
|
2007
|
Estremoz-Sousel
|
271
|
218
|
334
|
Estremoz-Port.
(a)
|
0
|
0
|
0
|
AGREGADO
|
271
|
218
|
334
|
Fonte: INE –
Censos da População (a) – excluindo Évora-Estremoz-Portalegre
Apesar do
comportamento do fluxo regular diário de passageiros entre Estremoz e a vizinha
cidade de Sousel não apresentar um ciclo de crescimento regular, é de assinalar
que uma eventual tendência de retracção no período 1981-91 (-20%), é de seguida
largamente compensada (+53%, de 1991 a 2007). Uma vez mais, o aumento
significativo de viagens diárias não acompanha o declínio (-14%) da população
residente, verificado entre 1981 e 2004.
4.6. Evolução
das migrações pendulares em parte da Linha do Leste
Destacam-se,
entre 1981 e 2007, as viagens diárias de algumas relações centradas em
Portalegre, no mesmo eixo de concelhos, através dos quais discorre a Linha do
Leste, em pleno funcionamento, ressalvando-se a particularidade do carácter
excêntrico de que padece o ponto de acesso e egresso da capital de distrito à
rede ferroviária.
Eixo Ponte de
Sôr-Portalegre-Elvas: Deslocações diárias – Todos os modos
|
1981
|
1991
|
2007
|
Portalegre-Elvas
|
13
|
40
|
221
|
Portalegre-P.de
Sôr
|
0
|
28
|
0
|
Portalegre-Arr.
|
160
|
172
|
239
|
Portalegre-Crato
|
175
|
194
|
265
|
AGREGADO
|
348
|
434
|
725
|
Fonte: INE –
Censos da População
Quando o
conjunto de todos estes concelhos perdeu população em cerca de 10%, de 1981 a
2004, as deslocações diárias da maior parte dos mesmos de e para Portalegre
cresceram significativamente, exceptuando-se o caso de Ponte de Sôr. De 1981 a
2007, as migrações pendulares quase duplicaram.
4.7. Um novo
fenómeno de mobilidade interna: as migrações pendulares entre capitais de
distrito
Se existe uma
alteração estrutural significativa completamente nova no padrão de deslocações
internas na Região do Alentejo, ela poderá traduzir-se na emergência de viagens
regulares diárias entre as Capitais de Distrito:
Migrações
pendulares entre capitais de distrito no Alentejo
|
1981
|
1991
|
2007
|
Évora-Portalegre
|
8
|
36
|
218
|
Évora-Beja
|
42
|
133
|
442
|
Fonte: INE –
Censos da População
4.8. Um novo
fenómeno de mobilidade externa; migrações pendulares a grande distância, entre
Lisboa e Évora
Eixo
Évora-Lisboa: Deslocações diárias – Todos os modos
|
1981
|
1991
|
2007
|
Évora-Lisboa
|
73
|
175
|
1258
|
Fonte: INE –
Censos da População
O aumento muito
significativo ocorrido entre 1991 e 2007 (o séptuplo do período anterior),
denota bem os efeitos da redução muito significativa da redução do custo
generalizado na procura geral, de um determinado eixo urbano. Neste caso, é bem
patente o efeito da abertura da auto-estrada A6, em 1998, num período já de
completa obsolescência e marginalidade das relações ferroviárias
Évora-Barreiro, discorrendo parcialmente num troço Évora-Casa Branca em
condição de quase-ruína (assim permanecendo até 2006), e ainda sujeitas ao
anacrónico transbordo fluvial, como forma de acesso à capital. Afigura-se
interessante ilustrar, a nível meramente indicativo, a Elasticidade da Procura
em ordem ao Tempo e ao Custo Generalizado, decorrente do encurtamento da
distância-tempo entre Lisboa e Évora, mesmo ressalvando-se o facto de que
poderão existir outras variáveis explicativas, cujo efeito combinado resultou
na geração de viagens pendulares completamente novas, num passado recente.
Características
das deslocações rodoviárias pendulares Lisboa-Évora e v.v.
|
Ant. a 1998 (EN4)
|
Actualidade,
via A6
|
Var. 2010/98
|
Distância física
(Km)
|
153
|
133
|
-20
|
Custo directo
€ (a)
|
15
|
22
|
+7
|
Tempo (min.)
(a)
|
165
|
95
|
-70 (ou -42%)
|
Valor do Tempo
(b)
|
21€/h (35
ct/min)
|
21€/h (35
ct/min)
|
-
|
Custo
Generalizado €
|
72,75
|
55,25
|
-17,50 (ou
-24%)
|
(a)
Via Michelin, para uma viatura particular; (b) Van
Essen et al. (2004)
Ao aumento de
cerca de 619% nas migrações pendulares diárias, entre 1991 e a quase-actualidade,
corresponde uma Elasticidade de -14,71, em ordem à variável “Tempo”, e de -25,79,
relativamente ao “Custo Generalizado”.
Muito embora
seja necessário considerar o facto de que o fenómeno da “pendularidade”
crescente entre Lisboa e Évora não poderá explicar-se exclusivamente pela
redução temporal (e consequentemente pela diminuição de Custo Generalizado),
com outros fenómenos como o desfasamento crescente entre local de habitação e
mercado de trabalho, ou o desenvolvimento residencial de tipo “peri-urbano”, a
concorrer de forma importante para a ocorrência do fenómeno, estas estimativas
muito elementares, possuem todavia um valor indicativo relevante. Elas sugerem
o que poderá constituir, na prática, a nova realidade de uma capital de distrito
Alentejana, distando apenas 35 minutos (45 minutos para o centro da cidade) da
Gare do Oriente, por intermédio da Alta Velocidade ferroviária.
E, por arrasto, o
reposicionamento funcional de centros urbanos circundantes, como Reguengos de
Monsaraz ou Estremoz. A possibilidade real da função das valências
distributivas em Évora-Norte, assentarem quase exclusivamente em modos
rodoviários, deixa antever um cenário de – parafraseando Whitelegg (1996) -“poluição
temporal”, e eventual ocorrência de fenómenos congestionamento, transpostos da
Área Metropolitana de Lisboa para a escala local.
4.9. Observações
gerais
A informação
estatística é inequívoca, no sentido de invalidar por completo os pressupostos
enunciados em 2. b). Não existe qualquer tipo de correlação estatística entre
uma pretensa “desertificação” do Alentejo e uma hipotética diminuição do número
de viagens regulares entre os diversos centros urbanos da Região,
designadamente, aqueles que até 1990 se articulavam funcionalmente por
intermédio de oferta ferroviária. Em todos os casos analisados há um aumento
considerável em termos absolutos e relativos, do número de passageiros diários
inter-concelhios, reflectindo o efeito de variáveis como a polarização da
oferta de emprego/possibilidades de estudo num número restrito de centros
urbanos, onde emergem as capitais de distrito. O exemplo do eixo
Beja-Serpa-Moura, que de 1981 até à quase-actualidade perdeu 16% da sua
população agregada, mas ainda assim, denotando um aumento de viagens pendulares
quase triplo no mesmo período, é no contexto do Alentejo, paradigmático.
5. A evolução da oferta de transporte público nos
corredores ferroviários desactivados
Poder-se-á
argumentar que, apesar da evolução favorável dos fluxos de passageiros
regulares entre os diversos municípios do Alentejo, servidos pelo modo
ferroviário até 1990, a sua dimensão, em termos absolutos (ao que se adicionará
um número de deslocações esporádicas), continua sendo demasiadamente reduzida,
apresentando-se assim válida a premissa enunciada em 2. c), muito repetida, na
época (e não só), para justificar no meio institucional, o fecho de vias
férreas: “O modo autocarro substituirá “convenientemente” a oferta ferroviária
suprimida”. Para se entender a validade (ou não) deste pressuposto, é
necessário comparar a estrutura da oferta de transporte ferroviário anterior a
1990 em alguns destes eixos, e a sua sucedânea da actualidade.
Oferta de
Transporte Público em eixos seleccionados do Alentejo
|
Ano de 1981
|
Actualidade (2010)
|
Évora-Reguengos de Monsaraz
Ramal de Reguengos, sem serviço em
2010
|
6 serviços diários por sentido de
2ªa6ª feira, 4 serviços diários ao fim de semana; oferta de 3 automotoras e 3
combóios, 2 dos quais directos de/a Barreiro.
Duração: 1h12mn
|
De 2ªa6ª feira: 3 serviços de autocarro
por sentido, ao que se junta um extra num só sentido em período escolar. Ao
fim de semana: não há serviços.
Duração: 1h15mn
|
Évora-Estremoz
Linha de Évora, sem serviço em 2010
|
3 automotoras diárias em cada
sentido; 1 combóio diário em cada sentido, directo de/a Barreiro. Duração:
1h15mn.
|
De 2ªa6ª feira: 2 serviços de
autocarro por sentido (3 no período escolar). Ao fim de semana: não há
serviços.
Duração: 1h17mn
|
Estremoz-Borba-Vila Viçosa
Linha de Évora, convertida em
ciclopista
|
4 automotoras diárias em cada
sentido, das quais 1 directa de/a Portalegre; 1 combóio diário em cada
sentido, directo de/a Barreiro. Duração: 0h20mn.
|
De 2ªa6ª feira: 2 serviços de
autocarro por sentido (3 no período escolar). Ao fim de semana: não há
serviços.
Duração: 0h30mn
|
Beja-Serpa-Moura
Ramal de Moura, sem serviço em 2010
|
6 serviços diários em cada sentido,
de 2ªa6ª feira, sendo 5 automotoras e 1 combóio; 5 automotoras por sentido
aos fim de semana.
Duração: 1h15mn
|
De 2ªa6ª feira: 6 a 5 serviços de
autocarro por sentido. Ao Sábado, 2 serviços por sentido; ao Domingo, 1
serviço por sentido.
Duração: 1h30mn
|
Estremoz-Sousel-Portalegre-estação
Ramal de Portalegre-estação, sem
serviço em 2010
|
3 automotoras diárias em cada
sentido, das quais uma relação directa Portalegre-Vila Viçosa e outra
dirigida a Évora, Beja, Funcheira e Faro.
Duração: 1h10mn
|
De 2ªa6ª feira: 1 serviço por
sentido. Ao fim de semana: não há serviços.
Duração: 1h52mn
|
Fontes: Guia
Horário Oficial e www.rodalentejo.pt
Para quem
defende a ideia de que o modo autocarro substituiu “convenientemente” a oferta
ferroviária, o quadro comparativo que se apresenta deverá dar que pensar,
levantando diversas interrogações. Se de facto a premissa do ponto 2. c) fosse
verdadeira, seria – no mínimo – expectável que a oferta de transportes públicos
nos eixos onde a ferrovia cessou operações, fosse a mesma, transposta
naturalmente para o modo “autocarro”.
Mas o que se
observa é uma inexorável retracção do transporte público disponível, num quadro
em que, como se demonstrou anteriormente, o mercado das viagens pendulares se
expandiu de forma significativa. À excepção do eixo Beja-Serpa-Moura, todos os
restantes, onde se encontram várias cidades Alentejanas, não têm qualquer tipo
de oferta ao fim de semana, numa Região relativamente à qual os Poderes
Públicos falam incessantemente na necessidade de promoção... das
potencialidades turísticas! Esta é a realidade no terreno em pleno séc.XXI, no
início da sua segunda década, num país onde os meios políticos tanto simpatizam
com slogans como “vá de transporte público, goze a viagem”, ou se promovem
grandes eventos, proclamando a “importância da mobilidade sustentável”.
A falsidade da
“conveniência” da substituição de comboios por autocarros não é novidade, tendo
sido há muito constatada a inexistência de “elasticidade cruzada” (capacidade
de substituição inter-modal) entre o autocarro e o automóvel particular. No
auge do famigerado “Beeching Plan”
Britânico, em que a “bustitution” ditava
as suas leis, fazendo sucumbir quase metade dos 32000 Km da rede ferroviária da
Grã-Bretanha ao longo dos anos 60 do séc.XX, também se sustentava a convicção de
que os “interfaces” em pontos seleccionados, num número restrito de ferrovias sobreviventes,
iriam permitir uma “coordenação eficiente” entre o transporte público
ferroviário e rodoviário. E, como demonstrariam vários autores, destacando-se
Dodgson (cit. in Henshaw, 1991), as potenciais deslocações em “bus-feeders”, seriam presa fácil da
viatura particular, fazendo com que simultaneamente os troncos ferroviários
principais definhassem: uma estratégia de transportes autofágica, com
consequências ruinosas em simultâneo para operadores ferroviários e
rodoviários, paulatinamente promovida por Estados interessados num crescimento
económico alicerçado na venda de viaturas e consumo de combustíveis fósseis,
geradores de receita fiscal – por ora isenta do efeito da aplicação de
“ecotaxas”.
Para concorrer
com o automóvel, o transporte público dificilmente poderá prescindir dos
atributos de conforto e fiabilidade que garante o transporte em sítio próprio.
Hoje, o modo “autocarro” no Alentejo afigura-se incapaz de combater contra o
automóvel privado, atendendo exclusivamente aos segmentos de mercado “cativos”,
consistindo na população idosa, e/ou, de fracos recursos, assim como os
estudantes sem carta de condução. De resto, poderá trazer-se para o plano do
Alentejo, e em jeito de comparação, os exemplos dos serviços rodoviários de substituição,
colocados no terreno na mesma época, aquando da desactivação de linhas férreas
em outros pontos do país: qual é hoje (2010), o paradeiro dos autocarros que
tomaram o lugar das defuntas linhas do Sabor, Tua, Corgo, Tâmega, Vouga e Dão,
estas duas últimas, deixando ficar, com a sua desactivação, Viseu na condição
da maior cidade do Continente Europeu, sem qualquer ligação ferroviária?
O último dos
pressupostos (2. d) ) que justificou o fim de serviços ferroviários em
múltiplos corredores urbanos na Região do Alentejo, e cuja pretensa validade
continua hoje sendo invocada, como justificação para uma não reabertura, nos
círculos dos Poderes Públicos, tem a ver com o estado da obsolescência da
infra-estrutura, já de si muito degradada, e condicionante da obtenção de
melhores “perfomances”, na época em que se suspenderam os serviços – mesmo
assim não melhoradas actualmente, pela “alternativa” rodoviária.
Poucas linhas se
dedicam a esta argumentação absurda. Um Estado que, quer por via da sua
Administração Central, quer por intermédio das Autarquias Locais, não se demite
de reparar periodicamente pavimentos e sinalização de estradas, assegurando
igualmente o seu policiamento, tem uma atitude completamente distinta,
relativamente a troços de vias férreas? Estranho critério num quadro dominante
em que é “correcto” fazer-se profissão de fé na “eficiência das políticas
integradas”. Quando, ao mesmo tempo se destrói dinheiro público, cifrando-se em
algumas centenas de milhares de Euros por quilómetro, desmantelando infra-estruturas
ferroviárias existentes, para as converter em ciclopistas, sem critério de racionalidade
socio-económica. Qual será a capitação dos montantes investidos (e respectivo
retorno), atendendo ao número real diário de utilizadores destes
“elefantes-brancos”? Alguém poderá dar esta resposta?
A argumentação
com base no “custo evitável” é de todo inaceitável, e ela-própria também foi
abandonada em vários países Europeus, entre os quais o Reino Unido. Em
Inglaterra, Gales ou Escócia, no auge da “Era Beeching”, os “avoidable
costs” de uma determinada linha férrea eram imediatamente invocados para a
colocar num estatuto de “Proposed for
Closure” (Proposta para Encerramento), independentemente do seu tráfego
real ou potencial. Todavia, países há ainda na Europa, onde a importação de modelos
falidos e expirados há mais de três décadas, parece continuar a ter plena
saída.
7. Conclusão à Primeira Parte
Uma nova era
para o caminho de ferro no Alentejo é não apenas desejável, mas igualmente
possível. Não é concebível que, no advento da integração da Região na Rede
Transeuropeia de Alta Velocidade, através de dois pontos de acesso e egresso em
Évora-Norte-AV e Caia-AV, a estrutura da oferta de transporte público à escala
local, se mantenha na forma idêntica à de um país em vias de desenvolvimento,
com uma rede ferroviária convencional definhada, e todo o demais território, incluindo
vários centros urbanos de carácter estruturante, entregue ao domínio absoluto da
viatura particular, contra o qual, uma camionagem mínima, remetida para segmentos
de mercado cativos, nada consegue fazer.
Na segunda parte
do presente trabalho, veremos como, à luz da experiência de diversos países
Europeus, com destaque para a Alemanha, a contratualização de serviços e o
“livre-acesso” à infra-estrutura ferroviária, conjugados com todo um conjunto
de inovações técnicas, desconhecidas em Portugal, abriram portas a uma nova era
de expansão e fortalecimento dos serviços ferroviários regionais. E como, no
desenvolvimento desse mesmo processo, tiveram (e continuam tendo) um papel
crucial os operadores rodoviários existentes no terreno.
(Continua)
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